Áudio imersivo: nova tecnologia sonora ganha espaço no Brasil
Imagine ligar a TV para acompanhar um jogo de futebol e poder ouvir apenas o som de uma das torcidas ou a voz do narrador. Durante uma corrida automobilística, escutar também a transmissão de rádio das equipes. Acionar a audiodescrição ou dar mais destaque aos diálogos de filmes e novelas. A novidade, batizada de áudio imersivo, já está disponível em salas de cinema do país e em fase de testes em algumas emissoras de TV brasileiras.
País mais adiantado na experiência com o áudio imersivo, desde 2017, todos os equipamentos de audiovisual da Coreia têm a tecnologia acoplada. A China também já escolheu um decodificador de áudio imersivo. Nos Estados Unidos e na União Europeia, os testes continuam.
No Brasil, o áudio imersivo está previsto na atualização da DTV Play (TV 2.5) e da TV 3.0. Durante a Semana Nacional de Comunicações, promovida de 7 a 10 de maio, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, assistiu a uma demonstração. Vídeos de shows e eventos esportivos foram exibidos em duas versões distintas: com e sem a nova tecnologia. O governo anunciou que irá apoiar a fase de testes a partir de julho, implementando o áudio imersivo de maneira experimental em universidades e institutos de pesquisa.
“A experiência do espectador ganhará mais imersão e interatividade”, destaca o consultor de áudio Ariel Henrique. Ele explica que o áudio imersivo é uma evolução do Surround 5.1. Além da emissão de som frontal e traseira, que dá a sensação de circundar o usuário, a nova ferramenta adicionou uma camada superior, que cria a impressão de que os sons vêm de cima, permitindo que a percepção sonora seja tridimensional, e não mais horizontal.
Segundo Ariel, a adoção da nova tecnologia não exige das emissoras mudanças no parque gráfico, o que reduz o impacto nos investimentos.
Em ambiente doméstico, a forma mais fácil de acessar o áudio imersivo é por meio dos sound bars, caixas de som acopladas aos aparelhos de televisão e equipadas com alto-falantes multidirecionais. Muitos aparelhos de TV disponíveis no mercado já são compatíveis com a funcionalidade e a tendência é que a nova tecnologia esteja acoplada em todos os televisores que saírem de fábrica.
A novidade também poderá ter custo zero para o consumidor. Em breve, estará disponível em fones de ouvido, aparelhos celulares ou tablets, já que a alteração é feita durante a mixagem do áudio, e não no aparelho receptor. Algumas empresas de streaming, inclusive, já oferecem áudio imersivo em seus planos de assinatura.
Ariel Henrique destaca que diversas funcionalidades, como a tecla SAP, exigem a transmissão de duas versões de streaming. Com a adoção da tecnologia, será possível ocupar apenas uma banda, tornando o processo de produção mais prático e econômico. Atualmente, o uso do programa de mixagem é gratuito, mas as empresas interessadas precisarão de equipamentos de autoração e decodificação, para criar e distribuir os metadados.
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