Por José de Almeida Castro*
Em que velocidade e com que intensidade, as novidades tecnológicas ameaçam a sobrevivência de meios ou veículos de comunicação já existentes? Em geral, até mesmo há pouco tempo, o lançamento de novos modelos de algo já existente ou a invenção de uma novidade demorava décadas para se consolidar.
No cinema, o primeiro filme ainda de curta duração, como haviam mostrado os Irmãos Lumière ou mesmo um pioneiro longa metragem de 1924, registrado em celulóide, mudo, não havia chegado à Bahia, quando o “Cantor de Jazz”, com Al Jolson, sonoro, já era aplaudido nos Estados Unidos e na Europa.
No início dos anos 30, dois grandes teatros baianos - o Olímpia e o Jandaia - dedicavam um ou dois dias da semana para exibir filmes mudos. Curiosidade. Ninguém se importava com o nome e gênero dos filmes. Nas tardes de quinta-feira era a “Matinée do Perfume”, com histórias de amor; nos domingos à tarde, sessão Balas e Beijos.
Às noites a tela sumia, e o espetáculo ao vivo era o teatro, com as grandes companhias de revistas. Havia diversos conflitos e muitos temores, em especial apontando o fim do teatro.
Enquanto os pioneiros da PRA-4 Rádio Sociedade ainda buscavam se firmar, a legislação estava em estudos. Os pioneiros do rádio denunciavam o “Ford de Bigodes”, que sem grande investimento, ameaçava a sua sobrevivência. O pequeno carrinho chamava a atenção o dia inteiro rodando de um lado para o outro, fazendo “ barulho” com alto-falantes, alimentados com amplificadores de som.
Logo surgiram as redes de alto-falantes pendurados nos postes da iluminação pública. Todos os “assustados” que enfrentaram as novidades, sobreviveram e melhoraram seus serviços.
O telefone fixo só foi ameaçado 75 anos depois de Graham Bell e o celular precisou de 16 anos para ser mania e cada dia que passa se reinventa com avanços tecnológicos, com os mais diferentes nomes e padrões. Mas não se sabe que esteja próximo o fim do telefone fixo.
Olhando as estatísticas do “Gross Country Historical Adoption of Technology”, dos Estados Unidos, entidade empenhada em analisar a força de penetração e influência das novidades, aqui e agora começamos a conferir o que nos promete o veloz avanço da tecnologia.
Um detalhe: as bilionárias redes sociais, baseadas na Internet, disputam o espaço e crescem a cada momento. Mas vale lembrar que a primeira dessas redes foi Orkut, prenome do engenheiro turco que a projetou e também a primeira a se tornar apenas Museu. Nasceu em 29 de janeiro de 2004 e encerrou suas atividades em 30 de setembro de 2014. Deixou de ser válida com o Facebook.
Praticamente é o único exemplo concreto. É recomendável entrar na onda.
*José de Almeida Castro é jornalista e escritor. Foi presidente da Abert entre 1972-1974 e presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR) por quatro mandatos.